quinta-feira, 2 de maio de 2024
CORRUPÇÃO DESCOBERTA

Presos pagavam por wi-fi, festas, celulares e até drogas na Delegacia de Guaíra

08/05/2019
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                      Um esquema criminoso que estava sendo realizado na Delegacia de Polícia Civil de Guaíra foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná e levou à prisão preventiva de um investigador e três agentes penitenciários da unidade. Além disso, o delegado chefe da delegacia, Deoclécio Detros, e o superintendente, Hamilton Luís Neto Ravedutti, foram afastados. Detros trabalhou em Goioerê antes de ser transferido para Guaíra.

Conforme o Promotor de Justiça responsável pelo caso, Tiago Lisboa Mendonça, tudo indica que era o próprio delegado quem chefiava a organização, que concedia “vantagens” aos presos da carceragem mediante o pagamento de propina. A suspeita é de que o dinheiro recebido de forma ilícita era repartido entre os envolvidos.
“É bem complicada a situação, os detentos pagavam para o ingresso de celulares, drogas e até explosivos, que foram apreendidos na carceragem”. Mendonça também apontou a realização de festas, comprovadas através de vídeos obtidos durante as investigações do caso. Alguns detentos ainda pagavam para ficar em uma “cela especial, uma espécie de alojamento, com suíte, banheiro, ar-condicionado e frigobar”, contou. Os servidores presos preventivamente estão sendo denunciados pelo MPPR por corrupção passiva, organização criminosa e concussão.
Uma testemunha (que é mantida em sigilo), relatou ainda que os detentos tinham acesso à internet pela rede de wi-fi da própria delegacia. Ao ser questionado, afirmou que qualquer agente passava a senha, bastava ter dinheiro e pagar pelo “serviço”.
Através de rastreamento dos veículos utilizados pelo setor de carceragem da delegacia, foi possível constatar também que os agentes faziam o transporte de presos diariamente até bancos locais para que eles fizessem saques e pagassem a propina, que podia chegar até cerca de R$ 50 mil. Com o pagamento de “comissão”, os detentos também tinham acesso a compras de mercado.
Outro apontamento do MPPR o livre acesso de um dos detentos às dependências da delegacia. José Adão Correa, chamado de “preso de confiança”, é ex-policial civil do Mato Grosso do Sul e foi condenado a 23 anos e 10 meses de prisão em regime fechado por tráfico internacional de drogas. Considerado de alta periculosidade, Correa realizava funções cartorárias na delegacia e facilitava a ação de agentes públicos no horário de expediente. Agora, José Adão Correa deve ser transferido da carceragem da delegacia.