sábado, 20 de abril de 2024
INUSITADO – BRASIL

Caminhoneiro se assume transsexual aos 66 anos e diz 'Sempre me senti mulher'

12/06/2019
  • A+ Aumentar Fonte
  • A- Diminuir Fonte

Um caminhoneiro se assumiu transsexual, aos 66 anos, depois de dois casamentos com mulheres. Heraldo Oliveira Araújo, que mora em Cuiabá, começou a usar apenas roupas femininas, tomar hormônios femininos e a se comportar o tempo todo como mulher, em 2016. Heraldo passou a se chamar Afrodite e agora aos 69 anos se prepara para colocar implante de silicone nos seios.
Afrodite contou ao G1 que sempre se sentiu como uma mulher e, desde a infância, questionava a mãe sobre o porquê de não ter seios, órgãos femininos e não poder usar roupas femininas.
“Sempre me senti uma mulher no corpo errado. Minha mãe, sempre muito paciente, explicava geneticamente que nasci homem e, como homem, teria um propósito aqui. Aceitei, mas o desejo de ser mulher permaneceu”, relatou.
Além de caminhoneira, Afrodite já foi cabo do Exército, empresária e eletricista. Mesmo nas missões do Exército e na empresa em que trabalhava, ela usava roupas íntimas femininas e pintava as unhas, pois isso a fazia se sentir bem.
Ela relatou que passou a fazer suas próprias roupas íntimas em uma malharia, onde trabalhava com o pai, em São Paulo.
Casada com uma mulher durante 16 anos, Afrodite realizou o sonho de ter uma filha.
“Minha esposa não sabia do meu fetiche, mas eu usava roupas femininas quando saía para trabalhar. Uma vez ela encontrou uma calcinha no meu bolso, mas pensou que eu estava apenas 'pulando cerca' (traindo-a)”, disse.
Por volta de 1995, Afrodite e a mulher se separaram e ela passou a morar com outra mulher, com quem se relacionou por 14 anos.
“Quando tive um romance com ela, achei que realmente era um homem, mas na cama precisava inverter os papéis na minha mente. Me imaginava como mulher e a via como homem, mas não deu para continuar com isso”, relembrou.
O preconceito
Afrodite relatou que é bem aceita pelos colegas de trabalho, pela família e até mesmo pela primeira esposa, com quem ainda mantém contato. No entanto, dois dos seus sete irmãos passaram a discriminá-la e a fazerem ameaças, após vê-la se tornar uma mulher.
“Éramos sócios em uma empresa de eletrotécnica, mas eles se incomodavam quando eu ia trabalhar de unhas pintadas. Quando me viam de mulher, tiravam fotos e mandavam para a minha filha. Me xingavam, me perseguiam e até tentaram me agredir uma vez”, lamentou.
Afrodite chegou a registrar um boletim de ocorrência contra os irmãos e entrou com uma ação contra eles. Segundo ela, a família foi encaminhada para um psicólogo, mas os irmãos foram apenas em uma das consultas. “Ainda tenho contato com eles, mas não comentam mais sobre o assunto”, disse. (Fonte: G1)