sábado, 25 de outubro de 2025
CRÔNICA

O Atalho e a Estrada

24/10/2025
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Pr. Pedro R. Artigas
Igreja Metodista


Era uma tarde abafada de primavera quando Mateus, um jovem de vinte e poucos anos, decidiu cortar caminho por um beco estreito entre dois prédios antigos do centro. Ele estava atrasado para um compromisso, e o GPS indicava que aquele atalho economizaria sete minutos. Sete minutos pareciam pouco, mas para quem vive correndo, sete minutos são ouro.
O beco, no entanto, não era apenas um corredor de concreto. Era um símbolo. Um lembrete de que, muitas vezes, o caminho mais curto não é o mais seguro — nem o mais sábio.
Enquanto caminhava, Mateus se lembrou de uma conversa que tivera com sua avó semanas antes. Ela, com sua voz mansa e olhos que pareciam enxergar além do tempo, citara um versículo da Bíblia: “Fuja dos desejos malignos da juventude e siga a justiça, a fé, o amor e a paz...”. Na hora, ele apenas assentiu, como quem ouve uma receita de bolo pela décima vez. Mas agora, naquele beco sombrio, as palavras ecoavam com um peso diferente.
A juventude, pensou ele, é uma estação barulhenta. Cheia de urgências, impulsos e atalhos. É quando se acredita que tudo pode ser vivido ao mesmo tempo — o prazer, o sucesso, a liberdade. Mas também é quando se tropeça mais. Porque o coração, ainda em construção, muitas vezes confunde intensidade com verdade.
Mateus já havia tomado muitos atalhos na vida. Alguns o levaram a lugares interessantes. Outros, a becos sem saída. Ele sabia o gosto amargo de escolhas precipitadas, de amizades que pareciam intensas, mas eram ocas, de paixões que prometiam céu e entregavam tempestade.
O versículo de 2 Timóteo capítulo 2, versículo 22 não dizia apenas para fugir. Dizia para seguir. Fugir dos desejos malignos da juventude — sim — mas não para um vazio. Fugir para algo. Para a justiça, a fé, o amor e a paz. Era um convite a trocar o impulso pela direção. A trocar o atalho pela estrada.
E mais: não era uma jornada solitária. O texto dizia “juntamente com os que, de coração puro, invocam o Senhor”. Ou seja, há companhia nesse caminho. Há gente que também escolheu a estrada, mesmo que ela pareça mais longa. Gente que tropeça, mas se levanta. Que não é perfeita, mas é sincera.
Ao sair do beco, Lucas viu o sol se pondo entre os prédios. O céu, antes abafado, agora se tingia de laranja e dourado. Ele respirou fundo. Chegaria atrasado, sim. Mas, pela primeira vez em muito tempo, sentiu que estava no caminho certo.
A vida, afinal, não é uma corrida contra o tempo. É uma caminhada com propósito. E propósito não se encontra nos atalhos — se constrói na estrada. Existe um caminho sem dores, ou medo, cuidado com os atalhos que vida pode nos mostrar, Mateus percebeu que o atalho poderia conter graves perigos, e a melhor orientação está em Jesus Cristo. Tome a decisão certa, busque caminhar junto com o Senhor e viva. Shalom.