sábado, 5 de julho de 2025
CRÔNICA

Quando Me Buscardes de Todo o Coração

04/07/2025
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Pr. Pedro R. Artigas
Igreja Metodista


Era uma manhã comum, dessas em que o sol se espreguiça devagar por entre as frestas da janela. O café coava na cozinha, e o cheiro quente e amargo preenchia a casa com uma sensação de rotina. Mas havia algo diferente naquele dia. Talvez fosse o silêncio mais denso que o habitual, ou o peso invisível que repousava sobre os ombros de Clara.
Ela se sentou à mesa com a xícara entre as mãos, mas não bebeu. Seus olhos estavam fixos em nada, como se procurassem algo que não sabia nomear. A vida, ultimamente, parecia um emaranhado de perguntas sem resposta. As orações que fazia à noite pareciam ecoar no vazio. Deus, onde estás?
Foi então que, quase por acaso — ou talvez por providência — ela abriu a Bíblia que repousava esquecida sobre a estante. As páginas se abriram em Jeremias 29, e seus olhos pousaram sobre os versículos 12 e 13: “Então me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração.". Leu uma vez. Depois outra. E mais uma. Como se cada palavra fosse uma gota de água em sua sede antiga. E seu olhar fixou-se nas palavras do versículo 13:
"Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração."
Clara percebeu, com um nó na garganta, que vinha buscando respostas, mas não a presença. Vinha pedindo soluções, mas não se entregando. Suas orações eram listas de desejos, não conversas sinceras. Ela queria que Deus a ouvisse, mas não se dava ao trabalho de escutá-lo.
Naquele instante, algo mudou. Não foi um milagre visível, nem uma voz do céu. Foi um despertar sutil, como o primeiro raio de sol que rompe a madrugada. Clara entendeu que Deus não se esconde — Ele se revela a quem o busca com verdade. Não com pressa, não com fórmulas, mas com o coração inteiro.
Ela fechou os olhos e, pela primeira vez em muito tempo, orou sem pedir. Apenas falou. Contou suas dores, seus medos, suas dúvidas. E, no meio da oração, sentiu uma paz que não vinha das circunstâncias, mas da certeza de que estava sendo ouvida.
Na correria dos dias, é fácil esquecer que Deus não é um botão de emergência, mas um Pai presente. Que Ele não se encontra em rituais vazios, mas na sinceridade de um coração que se rende. Jeremias não escreveu para um povo em conforto, mas para exilados — gente longe de casa, longe do templo, longe da esperança. E mesmo assim, Deus prometeu: “Eu ouvirei. Eu estarei com vocês. Basta me buscarem de todo o coração.”
Clara terminou seu café já frio, mas com a alma aquecida. A vida ainda tinha seus desafios, mas agora ela sabia onde encontrar abrigo. Não em respostas prontas, mas na presença constante. Porque Deus não é um mistério a ser decifrado, mas um amor a ser vivido.
E assim, naquela manhã comum, Clara encontrou o extraordinário: um Deus que ouve, que vê, que responde — quando o buscamos com todo o coração.
Neste dia tire um momento para buscar com todo o seu coração a Deus e converse francamente com Ele, pois como diz Jesus em Mateus capítulo 6, versículo 6: “Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está em secreto. Então seu Pai, que vê no secreto, o recompensará publicamente”. Shalom.