
Pr. Pedro R. Artigas
Igreja Metodista
Este domingo entramos no segundo período do Advento, pela liturgia 100 anos já se passaram desde que cessou a palavra profética sobre a terra. E um dos textos que nos leva a reflexão deste momento está no Salmo 126, de autor desconhecido, mas que mostra como foi a saída do povo hebreu do cativeiro da Babilônia, que podemos traduzir como sendo a nossa também do cativeiro do Maligno.
Vamos hoje analisar de forma sucinta o que o escritor nos ensina em sua alegria pela saída do cativeiro. A primeira parte configurada nos versículos de 1 a 3, trata do Ideal da Restauração. E começa afirmando que estavam como quem sonha, a esperança de uma gloriosa restauração foi idealizada até ao ponto de ser boa demais para ser verdade. A frase “fez retornar os cativos”, pode ser como traduzida como restaurou a sorte. Quando estudamos este salmo à luz do escrito de Esdras poderemos ver que havia riscos, mas também cânticos de vitória – como no dia da vitória – Esdras capítulo 3, versículos 11 a 13: “E cantavam juntos por grupo, louvando e rendendo graças ao Senhor, dizendo: porque é bom; porque a sua benignidade dura para sempre sobre Israel. E todo o povo jubilou com altas vozes, quando louvaram ao Senhor, pela fundação da casa do Senhor. Porém muitos dos sacerdotes e levitas e chefes dos pais, já idosos, que viram a primeira casa, choraram em altas vozes quando à sua vista foram lançados os fundamentos desta casa; mas, muitos levantaram as vozes com júbilo e com alegria. De maneira que não discernia o povo as vozes do júbilo de alegria das vozes do choro do povo; porque o povo jubilava com tão altas vozes, que o som se ouvia de muito longe”, olhando para o mesmo capítulo 3, mas nos versículos 4 e 5, quando voltaram a comemorar a festa dos Tabernáculos, que é celebrada no outono, e também conhecida como Festa das Tendas, já que recorda o período em que Israel viveu em abrigos temporários, durante a sua peregrinação pelo deserto , revela que em todo o tempo o Senhor esteve com eles, assim com está sempre conosco, não importando a situação. Mesmo quando nos afastamos d’Ele e achamos que foi Ele quem se afastou, Deus continua sempre a nos ouvir e nos atender em oração.
O momento designado por Deus é propício pois, nos lembra de outro retorno, a saída também do cativeiro egípcio.
A segunda parte do Salmo nos versículos 4 a 6, nos fala das diretrizes para crescer em piedade, ao viver nossa vida de acordo com as Escrituras e as suas instruções, e com certeza cresceremos em santidade, é necessário então semear para a justiça através de obras de justa obediência a fim de obter uma colheita abundante.
Daí o pedido de restaura Senhor, a nossa sorte, havia em Israel tudo para fazer, incluindo aí a reconstrução do Templo. Ageu em seu livro relata as dificuldades no capítulo 1, versículos 10 e 11, onde a própria natureza reflete o julgamento divino quando a vontade de Deus é ignorada, mas quando a obedecemos a palavra de Deus é de conforto. Ele dará a imerecida provisão ao povo, então é preciso escolher crer e considerar como verdade que, quando deixamos uma ambição egoísta e uma agenda pessoal lotada e nos concentramos no progresso do Reino de Deus ele irá nos abençoar até o fim. Essa era a lição que povo de Israel teria com Deus. Como o fazendeiro semeia com ansiedade e colhe cantando alegremente, Israel realizará o ideal da restauração.
Assim também nós quando nos propomos estar em Cristo precisamos estar alertas para vivermos sempre em obediência às suas palavras, pois de outra maneira enfrentaremos infelizmente os momentos de exílio, vivendo em outras paragens, sem que tenhamos as sementes que nos alimentarão, pois os nossos celeiros estarão vazios. Mas podemos ter a certeza de que se obedecermos a seus mandamentos e ordenanças traremos sem dúvida alguma os molhos da colheita. Advento, tempo de esperança e de reflexão. Shalom.