sexta-feira, 26 de abril de 2024
CRÔNICA

Uvas boas ou uvas más

24/07/2021
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Pr. Pedro R. Artigas
Igreja Metodista

Podemos ler e estudar a Bíblia e não conseguirmos entender alguns dos ensinamentos ali contidos, não por serem difíceis ou estarem ocultos para o entendimento. O problema é que na maioria das vezes e mesmo quando vamos ensinar ou citar textos, nosso primeiro ímpeto é o de espiritualizar o texto, e quando assim procedemos deixamos escapar muito da riqueza ali escrita.
A Bíblia todos sabem é livro de fé, ou seria uma REGRA DE FÉ E VIDA? Ela nos ensina em suas páginas o como devemos nos relacionar, viver, ensinar e até como devemos orar. Então para extrairmos o melhor que ela pode nos dar, precisamos separar o espiritual da palavra de ensino. É nesse contexto que quero hoje falar.
Não vou espiritualizar o texto, mas procurar tirar dele o caminho que vai nos orientar para o melhor de nossas vidas, onde com certeza se atentar para o conteúdo podemos nos tornar melhores pais, filhos, irmãos, evangelizadores e com certeza até maridos e esposas. Nosso trabalho na igreja e em todos os aspectos da vida vai render frutos de excelente qualidade.
Assim, como a parreira precisa ser podada todos os anos para que a cada safra a uva tenha melhor sabor e a figueira do mesmo modo também precisa ser podada, nossa vida também precisa ser educada para que em Cristo ela seja cada dia de melhor qualidade. Quero então ressaltar um parâmetro que sem dúvida nos mostra o que é ser temente a Deus e como costumamos dizer, cristãos (não cristãos escritos com letras minúsculas, mas escrito com letras maiúsculas e se possível em negrito).
Como falamos acima a respeito de frutos, vamos usar como referência o texto de Mateus, capítulo 7, versículo 20:” assim, pois, pelos seus frutos vocês os conhecerão”. Quero dizer com todas as letras que precisamos ter frutos legítimos do Reino de Deus; frutos de lábios que confessam Jesus, o Senhor. Em outras palavras, uma frutificação ética, cristã e responsável. Precisamos deixar de ser pessoas que frequentam a igreja como clube social, ou pela música agradável, ou até que nos fazem dançar e gritar como se dentro de um show estivéssemos.
Desde seus primeiros versículos a Bíblia nos leva a considerar nossa relação com a natureza criada por Deus, e no episódio do fruto comido por Eva e Adão no Jardim do Éden a linguagem da árvore já aparece. Tal imagem comparativa pode ser vista por todo Antigo e Novo Testamento. Árvores e seus frutos carregam uma carga de sentido que chamamos de polissemia, que quer dizer diversos sentidos. Podemos estudar em Ezequiel, como ele enfatiza a promessa que do templo fluiriam águas, e dessas águas um rio, em cujas margens brotariam árvores, e delas, frutos que alimentariam a todos, e suas folhas serviriam de remédio, vejamos o texto de Ezequiel no capítulo 47, versículo 12: “nas duas margens do rio nascerá todo tipo de árvore frutífera. As folhas dessas árvores não murcharão, e elas nunca deixarão de dar o seu fruto. Produzirão frutos novos todos os meses, porque são regadas pelas águas que saem do santuário. Os seus frutos servirão de alimento, e as suas folhas, de remédio”. Isso numa visão de restauração, trazida por Deus e revelada ao seu profeta.
O rei Davi escreve no Salmo 96, depois da devolução da Arca do Concerto nos versículos 12 e 13, a alegria que sentia pela devolução e põe as árvores a cantar: “alegre-se o campo e tudo o que nele há; cantem de alegria todas as árvores do bosque, na presença do Senhor, porque vem, vem a julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos de acordo com a sua fidelidade”.
Mas a árvore designa, principalmente, Israel. Em Isaías capítulo 5, versículo 4, Israel é a videira má que, ao invés de dar “uvas boas, deu uvas más”. Para melhor compreensão, vejamos o versículo 1 e 2 deste capítulo: “agora cantarei ao meu amado o seu cântico a respeito da sua vinha. O meu amado teve uma vinha numa colina fértil. Ele cavou a terra, tirou as pedras e plantou as melhores mudas de videira”. Vejamos que o Senhor escolheu o melhor lugar – colina fértil -, comprou as melhores mudas, mas elas vieram frutificar uvas bravas, por isso, o profeta, em nome de Deus, profere juízo contra Israel. Não seremos nós agora que fomos comprados e remidos pelo sangue de Jesus, infelizmente estaremos agindo como as videiras que frutificaram uvas bravas?
Terminando então, a Bíblia nos ensina claramente como devemos ser, viver e agir sob a manifestação das Santas Leis de Deus, para que o mundo se torne melhor. Tudo depende de nosso entendimento das Sagradas Letras. Shalom.