segunda-feira, 20 de maio de 2024
CRÔNICA

A prática da Palavra

03/07/2021
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Pr. Pedro R. Artigas
Igreja Metodista

Lendo a carta de Tiago aos cristãos que estavam na Diáspora, ou seja, fora de Jerusalém, e espalhadas pelo mundo da época, vi que o escritor fala a eles que deveriam em todos os momentos praticar com verdade a Palavra de Deus. No capítulo 1, versículo 19, ele diz textualmente como deveria ser o comportamento deles aonde estivessem: “vocês sabem estas coisas, meus amados irmãos. Cada um esteja pronto para ouvir, mas seja tardio para falar e tardio para ficar irado”.
O conselho dado naquele tempo serve muito bem para o nosso tempo, quando todos parecem que necessitam falar e impor sua verdade. Vivemos em uma época onde além da necessidade de falar, ou seria melhor dizer de gritar com todos, e fazer o outro entender a nossa vontade, não pela exposição, mas pela imposição, nos iramos com grande facilidade, e o pior acreditamos que falar cada vez mais alto, e não ouvindo o que o outro fala, teremos a razão.
Se continuarmos a leitura no versículo 20, temos a dimensão da falta de razão: “porque a ira humana não produz a justiça de Deus”. creio que muitas vezes perdemos a razão e a “batalha” simplesmente porquê não ouvimos e não permitimos ser questionados no que achamos, do verbo achar, que temos a suprema razão.
A palavra de Tiago nos leva a considerar que mesmo estando fora da casa, precisamos estar atentos para a prática dos mandamentos de Cristo. Que não devemos ser negligentes nessa prática. Seu primeiro conselho é quanto a atitude, devemos estar prontos a ouvir mais do que falar, demonstrar mais calma e menos raiva, pois, a ira que surge do egocentrismo não opera a justiça de Deus, mas conduz somente à malícia e a destruição. É interessante esse ponto, pois somente nos iramos quando somos contrariados em nossos pensamentos, quando temos de repetir, ou quando as pessoas se tornam ao nosso ver importunas. Achamos que os outros nunca sabem de nada, e que nós somos os possuidores de todo conhecimento e sabedoria, e é aqui que erramos.
Observemos o que o escritor nos ensina no versículo 21: “portanto, deixando toda impureza e acúmulo de maldade, acolham com mansidão a palavra implantada em vocês, a qual é poderosa para salvá-los”. A salvação, então não surge através do uso de métodos mundanos, mas de uma aceitação mansa e suave da palavra em nós enxertadas, que Deus enraizou em nosso coração.
A palavra de Deus purifica nossa vida. A pureza da vida não é uma busca para a perfeição mais do que é uma busca para a libertação das coisas que podem inibir a eficácia e reduzir a vida cheia de poder.
Este texto mostra a Palavra de Deus como uma forma de reflexão – um espelho para o qual devemos olhar e ver a nós mesmos. Não devemos apenas prestar atenção ao que vemos e aceitar a instrução corretiva da Bíblia, o ponto é que devemos evitar a tentação de ver e julgar os outros no mundo através de nossas lentes deformadas, analisando o que eles devem fazer ao invés do que nós precisamos fazer.
Aquele que apenas escuta a palavra se esquece rapidamente dela; só aquele que age com base na palavra e persevera nela será bem-aventurado. A Palavra de Deus é a lei perfeita da liberdade. Ela não nos escraviza à servidão do cativeiro, pelo contrário, nos liberta para manter seus preceitos através de uma compulsão interna.
Uma língua descontrolada e um coração enganado são companheiros de uma religião vazia. A verdadeira religião resultará em uma vida prática, como exemplificado pela verdadeira fala, verdadeiro amor e verdadeiro caráter. Apesar de Tiago não dar uma lista exaustiva de todos os deveres positivos da verdadeira religião, ele as apresenta como características típicas. Meus irmãos devemos não só ouvir, mas praticar a palavra que temos ouvido, e assim outras pessoas se sentirão mais prontas para também praticar esta maravilhosa palavra. Shalom.