quinta-feira, 28 de março de 2024
ERAM DA REGIÃO

Filhos reencontram mãe em asilo depois de 54 anos

21/05/2019
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                                 Filhos reencontraram a mãe depois de 54 anos sem notícias dela. Essa é a história da família de Maria Anunciada Pereira Cardoso. O reencontro com a idosa, de 80 anos, aconteceu em abril em um asilo de Curitiba, onde ela vive há 47 anos.

                                 Maria foi à capital paranaense para fazer um tratamento de saúde e nunca mais voltou para casa, no interior do estado. Filhos, irmãos e parentes acabaram ficando para trás.
                                 Em 1964, Maria, o marido e os filhos moravam em Campina da Lagoa, no centro-oeste do Paraná. Uma mudança no comportamento dela motivou o marido, João Alves Cardoso, que morreu há 13 anos, a buscar tratamento no Hospital Colônia Adauto Botelho, que trata pessoas com problemas psiquiátricos em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
                                 João deixou a esposa internada e voltou para o interior, onde criou os filhos e retomou a vida. Durante um tempo, fez algumas visitas para Maria. Na última, ao retornar para o interior, disse para a família que Maria havia desaparecido.
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REGISTROS DO HOSPITAL
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                                 Nos registros do hospital, há duas datas de internação: primeira em novembro de 1964, com alta em fevereiro do ano seguinte; e a segunda em janeiro de 1972, e a alta três meses depois. Neste mesmo ano, os documentos oficiais mostram o encaminhamento de Maria do hospital para o Asilo São Vicente de Paulo.
                                 "Quando ela teve alta no hospital, foi necessário estar em outra instituição porque não tinha mais contato com a família. Então, chegou aqui no Asilo São Vicente”, disse o padre José Aparecido, diretor do Asilo São Vicente de Paulo.
Não se sabe o que aconteceu com Maria entre os anos de 65 e 72.
"Ela é muito tranquila, no cantinho dela, até passa desapercebido o seu dia a dia. Ela tem a sua rotina de [quase] 50 anos de levantar, ir para o banho, depois tomar o café. Aí ela vai fazer suas orações", contou o padre.
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A FAMÍLIA
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"Quando o pai chegou aqui, nesse hospital, já não se encontrava mais ela, assim diz ele. Tinham dado alta para ela, e não a encontrou aqui", afirmou Elias Alves Cardoso, filho de Maria. Elias ainda disse que ele e a família não sabiam se Maria estava viva ou morta. Mesmo assim, os parentes nunca deixaram de ter esperança.
Depois que um sobrinho de Maria comentou a história com uma amiga, o caminho para reencontrar a idosa foi reaberto.
                                 "Na verdade, foi um trabalho de 15 anos. Os filhos contaram com a ajuda de uma terceira pessoa, que nós não conhecíamos. Para nós, foram nos últimos dois meses que alinhamos todas as questões de realmente perceber se eram os familiares, se existiam, porque não tínhamos nenhum histórico. E nos últimos 60 dias, fizemos a aproximação e agora estamos na questão de resgate desse vínculo com a idosa", relatou a supervisora do asilo, Mônica Freitas.
A família recebeu a notícia no dia 1º de abril deste ano. "Uma situação igual ao caso da mãe é uma coisa incrível, porque eu mesmo não acreditei que o meu primo tinha achado", disse Elias.
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O REENCONTRO
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                                 Seis dias depois, filhos e parentes de Maria saíram de Toledo, no oeste do estado, para reencontrá-la no asilo. Desde então, foram feitas mais duas visitas.
                                 A família tenta reavivar a memória de Maria, que ainda carrega as imagens dos filhos pequenos. O caçula tinha quatro anos quando viu a mãe pela última vez.
                                 "Viveu a vida todo longe de nós, e nós longe dela. É muita emoção para mim", afirmou Ezequias Alves Cardoso, o filho mais novo. (G1 Paraná).