sábado, 8 de novembro de 2025
CRÔNICA

O Cuidado Que Não Dorme

07/11/2025
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Pr. Pedro R. Artigas
Igreja Metodista


Era uma manhã como tantas outras. O despertador tocou, o café esfriou na xícara esquecida, e o trânsito parecia conspirar contra qualquer tentativa de paz. Marta, como sempre, corria. Corria atrás do tempo, do dinheiro, da aprovação, da vida que parecia sempre dois passos à frente. E, como em todos os dias, a ansiedade caminhava ao lado dela, silenciosa, mas presente.
No rádio do carro, uma voz suave lia um versículo: “lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós”. Marta franziu o cenho. “Se fosse tão simples assim…”, pensou. Afinal, quem nunca tentou se livrar da ansiedade com um suspiro profundo e uma oração apressada, apenas para vê-la retornar com mais força?
Mas naquele dia, algo diferente aconteceu. A frase ficou ecoando em sua mente como uma melodia persistente. “Ele tem cuidado de vós.” Não era uma promessa vaga. Era uma afirmação. Um fato. Como o sol que nasce, como o mar que não se cansa de ir e vir. Um cuidado constante, silencioso, mas presente.
Ao chegar ao trabalho, Marta observou os colegas: cada um com seus próprios fardos, suas próprias inquietações. O mundo parecia girar em torno de preocupações. E ela se perguntou: será que todos estavam tentando carregar sozinhos o peso que não lhes cabia?
Na pausa do almoço, sentou-se num banco do jardim ao lado da empresa. O vento brincava com as folhas, e um beija-flor pairava sobre uma flor vermelha. Marta sorriu. Aquela cena simples parecia gritar uma verdade esquecida: há beleza no cuidado. Há ordem no caos. Há alguém que vê, que sabe, que cuida.
Lançar a ansiedade sobre Deus não é um gesto mágico. É um exercício de confiança. É como entregar uma mala pesada a alguém que tem braços mais fortes. É admitir que não se pode tudo, que não se sabe tudo, e que está tudo bem com isso.
Marta lembrou-se da infância, quando corria para os braços da mãe após um pesadelo. Bastava aquele abraço para que o medo perdesse força. E pensou: talvez seja isso que Deus oferece — um abraço que não exige explicações, apenas entrega.
Naquela tarde, ela decidiu fazer diferente. Em vez de tentar controlar cada detalhe, respirou fundo e, em silêncio, disse: “Senhor, aqui está minha ansiedade. Cuida dela, como só o Senhor sabe fazer.” Não foi um milagre instantâneo. Mas foi um começo. Um passo em direção à leveza.
Ao voltar para casa, o trânsito continuava caótico, o café ainda esfriava, e os problemas não haviam desaparecido. Mas algo dentro dela havia mudado. A certeza de que não estava sozinha, de que havia um cuidado maior, dava novo sentido ao cotidiano.
A crônica da vida é feita de altos e baixos, de dias cinzentos e manhãs ensolaradas. Mas em cada capítulo, há um fio invisível que sustenta tudo: o cuidado de Deus. Ele não dorme, não se distrai, não se esquece. Ele está ali, mesmo quando tudo parece desabar.
E Marta, como tantos outros, aprendeu que lançar a ansiedade sobre Deus não é fraqueza. É sabedoria. É reconhecer que há um amor que não exige desempenho, apenas confiança. Um cuidado que não depende do relógio, nem das circunstâncias. Um cuidado que permanece. 
Estamos chegando a mais um final de ano, e começa-se a somar dentro de cada um de nós os pensamentos e reflexões do que fizemos por completo, outros que deixamos pela metade e um número ainda maior do que não conseguimos nem começar. Está na hora de olharmos para o texto de 1ªPedro capitulo 5, versículo 7: “lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós”, e planeje desde já sua vida para o próximo ano com Cristo na dianteira da vida. Pense nisso. Shalom.