quinta-feira, 2 de maio de 2024
PSICOLOGIA EM FOCO

ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO CÂNCER DE MAMA

21/10/2019
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O impacto psicológico causado pelo câncer de mama traz uma significativa repercussão na vida da paciente. Quando esse momento é vivido com conhecimento e compreensão, e um apoio psíquico, torna-se possível o entendimento dos medos e angústias que podem interferir em uma resposta ao seu tratamento terapêutico. Dessa forma, é importante que o acompanhamento multidisciplinar e especializado seja promovido à paciente com dedicação e confiança, oferecendo assim, o reestabelecimento da saúde em seu sentido mais amplo.
Havendo a confirmação de um tumor maligno, a mulher passará por várias fases de conflitos internos que oscilam desde a negação da doença até a esperança da cura. Como é realizado esse primeiro apoio psicológico a essa paciente?
O tratamento de uma paciente com câncer de mama deve ser conduzido obedecendo algumas peculiaridades como, a idade, o momento de vida em que se encontra essa mulher e os seus anseios e planejamentos precisam ser expostos, para que haja uma conduta correta e direcionada. O apoio familiar também é traçado como parte importante da terapia. A inserção da família nesse processo favorece a aceitação da doença e a reabilitação, influenciando na melhoria da qualidade de vida da mulher vítima do câncer.
A causa e a cura do câncer permanecem na obscuridade. Isso pode atrapalhar a procura e aceitação ao tratamento?
A paciente pode desenvolver uma depressão e um isolamento social. Ao perceber tais sintomas, deve encaminhá-la ao serviço de psicologia e psiquiatria. Muitas vezes, essa paciente se nega a aceitar tal conduta, ela tende a encarar a doença como uma ação destruidora e geralmente é sentida como um castigo, uma punição, uma vez que o câncer está associado ao estigma da morte.
O diagnóstico da doença e todo o seu processo são vividos pela paciente e seus familiares como um momento de angústia. Como conduzir esse cenário?
A atuação do profissional de psicologia deve ser vista como uma forma de tratamento e iniciada imediatamente após o diagnóstico e definição da conduta terapêutica oncológica. Essa primeira avaliação deve ser individual, para que haja um maior entendimento do psicólogo e para que ele consiga absorver todas as angústias e incertezas trazidas pela paciente. Em um segundo momento, o atendimento pode ser estendido aos familiares próximos, a fim de estreitar essa rede de apoio, de forma que a paciente se sinta acolhida e aceita nessa fase de sua vida.
Como manter o emocional equilibrado e a qualidade de vida diante de um diagnóstico de câncer de mama?
A presença da depressão e estado de dor e angústia é perfeitamente aceitável na descoberta da doença. É patológico se a mulher apresentar uma outra postura, isso significaria a negação do câncer. Para que esse cenário seja menos doloroso, a equipe de saúde pode, também, ser participativa positivamente nesse cenário psicoterapêutico, o que possibilitará uma maior tranquilidade e apoio durante todo o processo de tratamento, assim como de seus familiares.
Quais são os aspectos da doença que mais refletem na autoestima da paciente?
O temor ao câncer de mama acomete a retirada de parte do corpo da mulher e, que em muitas culturas, desempenha função significativa, a sua estética, fantasias e intimidade ficam comprometidas. Aceitar sua nova condição e adaptar-se à nova imagem do seu corpo, exige um esforço muito grande para o qual, muitas vezes, não estão preparadas e por isso ela precisa de um apoio próximo, de alguém confiável.
Como fica a relação dessa paciente com o seu companheiro (questões sexuais e emocionais)?
O apoio do companheiro é muito importante, embora, seja uma situação de dificuldade e aceitação também para ele. A mulher, na maioria das vezes, apresenta um sentimento de isolamento, se torna fria e distante e se recusa a ter relações sexuais, por acreditar que não é mais atraente para o marido e que não é capaz de trocar experiências, antes compartilhadas. O suporte psicológico deve ser oferecido ao casal, muitos homens se assustam com a deformação do corpo da mulher, fica com medo de tocá-la, se sentem amedrontados com a situação, que deve ser trabalhada e abordada pelo casal. O amadurecimento, cumplicidade e a confiança estabelecida nesse relacionamento também será um fator de peso para a condução psicoterapêutica do problema.

Fonte
https://www.unasus.gov.br/noticia/aspectos-psicologicos-do-cancer-de-mama

Camila Lemes Alves
Psicóloga Clínica e Organizacional
Hipnose Clínica
CRP 08/12747
(44) 999706876