quarta-feira, 2 de abril de 2025
CRÔNICA

Um pai mata seu filho

29/03/2025
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Pr. Pedro R. Artigas
Igreja Metodista


Está nos noticiários o crime perpetrado por um pai contra seu filho de 5 anos no Rio Grande do Sul. Por estar com raiva de sua ex-esposa o homem leva seu pequeno para passear na bicicleta e ao se aproximar do rio, joga seu filho na água. Depois passa uma mensagem dizendo que havia cometido uma “loucurinha”, como se matar seu filho não passasse de “loucurinha”.
Esse crime trouxe a minha lembrança a história de Moisés no Egito. Vou nomear esta estória de fato verídico com O nascimento de um libertador. Eu não sei o que seria no futuro aquela criança de cinco anos morta pelo pai, mas a salvação de Moisés mudou os rumos da história de Israel em seu tempo.
Foi um dia como outro qualquer no Egito. O sol queimava o horizonte, desenhando sombras longas sobre as areias infinitas. Nas margens do Nilo, havia uma quietude que só a corrente do rio ousava interromper. Contudo, dentro de uma humilde casa hebreia, um bebê recém-nascido rompia essa serenidade. Seus choros frágeis ecoavam como um prelúdio de esperança em tempos de opressão.
Naquele momento, ninguém poderia imaginar que aquele menino, descrito em Atos 7.20: “naquele tempo nasceu Moisés, que era um menino extraordinário. Por três meses ele foi criado na casa de seu pai”, como "agradável a Deus", estava destinado a mudar a história. Seu nome era Moisés. Um nome que, anos depois, se tornaria sinônimo de libertação e fé inabalável.
Os hebreus viviam sob o peso da tirania egípcia. Escravizados, silenciados e oprimidos, a cada dia suas esperanças se apagavam. Era um tempo sombrio, onde até a existência das crianças hebreias era ameaçada pelo decreto impiedoso do faraó: todos os meninos deveriam ser mortos ao nascer. Entretanto, no coração de uma mãe, existia coragem suficiente para desafiar as ordens de um rei.
Jocabede, com um amor indomável, escondeu seu bebê por três meses. Cada dia era uma luta contra o medo. Cada noite era preenchida com orações silenciosas. Mas quando se tornou impossível esconder o pequeno Moisés, ela o confiou à providência divina. Fez uma arca de junco, selou-a com betume, e com mãos trêmulas, colocou o filho no rio. Era um ato de desespero, mas também de fé. Ela não sabia o que aconteceria, mas sabia que a vida de Moisés estava nas mãos de Deus.
E o rio, que era visto como um lugar de perigo, tornou-se o caminho para a redenção. A filha do faraó, banhando-se nas águas do Nilo, encontrou o bebê. Não foi o acaso que guiou aquele encontro, mas sim um plano maior. A princesa, movida pela compaixão, decidiu adotar a criança. O menino que estava destinado a morrer pelas ordens do faraó agora seria criado dentro de sua própria casa.
Moisés cresceu em meio ao luxo e à educação da corte egípcia, mas nunca esqueceu suas raízes. Ele não era apenas um príncipe do Egito; era um hebreu, parte de um povo que clamava por liberdade. E embora sua jornada para se tornar um libertador estivesse apenas começando, seu nascimento já era um testemunho do cuidado divino. Deus o protegeu, preservou e o posicionou estrategicamente para o propósito que estava por vir.
Assim como Moisés, muitas vezes somos chamados a confiar em planos que não entendemos completamente. Há momentos em que somos colocados em situações desafiadoras, cercados por incertezas. Mas a história do nascimento de Moisés nos lembra que, mesmo no caos, há um propósito. Aquele que nos criou tem planos maiores do que podemos imaginar.
 Como seria bom se a violência contra as crianças e mulheres tivessem outra visão da justiça, e esses homens violentos que pensam que são “donos” de tudo e de todos, sofressem as maiores penas possíveis. Não podemos continuar assistindo essas barbáries em nosso País, como algo corriqueiro. Pense nisso. Shalom.