quinta-feira, 13 de março de 2025
CRÔNICA

Lembranças antigas, novos projetos

09/03/2025
  • A+ Aumentar Fonte
  • A- Diminuir Fonte


Pr. Pedro R. Artigas
Igreja Metodista


Nesta semana iniciamos o período da Quaresma, tempo de reflexão, oração e às vezes até de antigas lembranças que muitas vezes nos fazem chorar ao lembrá-las. Em outras ocasiões, somos tomados de um sentimento de vergonha acompanhado de culpa. A estória que vou contar é um desses momentos na vida de todos nós.
Era uma manhã fria de domingo quando Miguel, um senhor de idade avançada, decidiu ir à igreja do bairro. Ele não era um frequentador assíduo, mas sentia que aquela manhã carregava um peso especial em seu coração. Algo o chamava para estar ali naquele dia, e ele, embora relutante, obedeceu a essa voz interior.
Ao entrar na pequena igreja, Miguel foi tomado por um sentimento de paz que não experimentava há anos. A simplicidade do lugar, as velas acesas, os bancos de madeira... Tudo parecia convidá-lo a ficar e a refletir. Ele sentou-se no último banco, como de costume, preferindo observar em silêncio.
O sermão daquele dia foi baseado no evangelho de Lucas 18:20: "Os mandamentos sabes: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe." Essas palavras soaram como um eco dentro de Miguel, remexendo memórias há muito adormecidas.
Enquanto o pastor falava sobre a importância de seguir esses mandamentos, Miguel se lembrou da sua juventude, das escolhas que havia feito e de como essas escolhas haviam moldado a sua vida. Recordou-se dos momentos em que havia mentido para proteger a si mesmo, dos pequenos furtos que cometera na adolescência, da desonra que causou aos seus pais ao se afastar deles para viver de maneira desenfreada.
Miguel sentiu um peso no peito, um arrependimento profundo. Ele havia passado boa parte da vida ignorando esses princípios, acreditando que eram arcaicos e sem importância. Mas ali, sentado naquele banco de igreja, ele percebeu a profundidade das palavras de Jesus. Não se tratava apenas de seguir regras, mas de viver uma vida de respeito e amor ao próximo.
O pastor, com sua voz suave, falou sobre o perdão e a graça divina. Disse que, mesmo que tivéssemos falhado inúmeras vezes, Deus estava sempre disposto a nos perdoar se nos arrependêssemos verdadeiramente. Miguel sentiu uma lágrima solitária escorrer pelo rosto. Ele sabia que precisava mudar, que precisava buscar essa reconciliação não apenas com Deus, mas consigo mesmo.
Quando o culto terminou, Miguel se aproximou do pastor e pediu para conversar. Sentaram-se nos degraus da igreja, e ali, entre confissões e lágrimas, Miguel contou sua história. O pastor ouviu pacientemente, oferecendo palavras de conforto e encorajamento.
Naquele dia, Miguel tomou uma decisão que mudaria o rumo de sua vida. Decidiu que seguiria os mandamentos não por obrigação, mas por amor. Amor a Deus, amor a si mesmo e amor ao próximo. E assim, aos poucos, ele começou a reparar os danos que havia causado, a reconstruir pontes que estavam desmoronando e a viver uma vida mais plena e significativa.
A estória de Miguel é um lembrete de que nunca é tarde para buscar a redenção, para alinhar nossa vida com os ensinamentos divinos e para viver com integridade e amor. Lucas 18:20 não é apenas um conjunto de regras, mas um caminho para uma vida mais verdadeira e plena.
Viver segundo as orientações de Deus não é viver sob a chibata do medo, mas é viver sob a Graça do Amor. Por isso convido aos leitores desta pequena estória, a se voltarem com amor, sinceridade para o poderoso amor de Jesus nesta Quaresma e viver inteiramente a Graça da Vida e da Fé. Shalom.