Pr. Pedro R. Artigas
Igreja Metodista
Sempre que falamos de incredulidade nos lembramos de Tomé, e de sua celebre expressão no Evangelho de João, capítulo 20, versículo 25: “se eu não vir em suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o meu dedo e não colocar minhas mãos em seu lado de maneira nenhuma crerei”. Esta expressão do apóstolo Tomé que caminhou e presenciou os maiores milagres de Jesus e aprendeu os ensinamentos por Ele proferidos, nos pega de surpresa, e de interrogação, mas como?
E João continua nos relatando que Jesus por duas vezes saúda-os, pois o medo entre eles era muito grande. Parece que ainda não haviam se refeito dos acontecimentos. Estavam, podemos dizer em torpor espiritual. Não acreditando que Jesus realmente teria ressuscitado. O medo que eles estavam era muito grande, segundo alguns estudiosos, pode ser comparado ao medo sentido quando estavam no barco e Jesus veio caminhando sobre as águas. Diz o texto que ficaram aterrados de medo. Aqui acontece a mesma coisa, estão todos escondidos em uma casa, com portas e janelas trancadas, e de repente uma voz ecoa na casa, Paz seja convosco!
O Evangelho de Lucas traz algumas revelações interessantes, no capítulo 24 a partir do versículo 36, narra a chegada dos dois discípulos que haviam encontrado Jesus na estrada a caminho de Emaús, e voltam correndo para contar aos outros, o que lhes tinha acontecido. Lucas escreve dizendo que mesmo após o relato do aparecimento de Jesus pelos discípulos quando aparece entre eles e parte o pão é recebido com temor e surpresa, pois acreditavam tratar-se de um espírito! Podemos ver aqui, que mesmo entre todos havia a mesma incredulidade que houve em Tomé, mas com a diferença que Tomé declarou publicamente sua falta de fé.
O interessante é que no Antigo Testamento temos o testemunho de Jó, que confessa sua falta de conhecimento no capítulo 42, versículo 5: “Antes eu te conhecia só por ouvir falar, mas agora eu te vejo com os meus próprios olhos”. Neste dia de domingo quando Jesus ressuscita, todos ali haviam caminhado com Ele. E não o conhecido por ouvir falar. Muitas vezes baseamos nossa fé no ouvir falar, e precisamos como Jó ver as maravilhas do Senhor com nossos próprios olhos, e não ter o medo dos discípulos, mas, crer no Senhor com todo nosso coração
Tomé, apesar de não estar ali presente, e quando chega Jesus não mais estava ali, apesar desse fato não é criticado nem repreendido. Mas demonstra sua real falta de fé.
Agora é passada uma semana, e os discípulos continuam fechados dentro de casa, e Jesus novamente os visita, e ao chegar os cumprimenta da mesma forma.
Tomé agora presente e teve a coragem de falar abertamente de sua necessidade de ter mudada sua ótica de fé, deixar de acreditar no que pode ver, para colocar sua fé na certeza da graça renovadora de Jesus, e essa é a resposta de Jesus a Tomé, bem aventurados os que não viram, e creram. Esta palavra sintetiza o que o escritor de Hebreus fala em seu capítulo 11, versículo 1: “ora a fé é a certeza de cousas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem.” Esta é então a fé maravilhosa no Filho Unigênito de Deus, a certeza e a convicção, eu não preciso ver para crer, me basta saber que Jesus é realmente o Filho de Deus, obedecê-lo, segui-lo e ser-Lhe fiel, para tê-lo ao meu lado, me orientando, me ensinando e guiando sempre. Estamos terminando a primeira semana da Páscoa, podemos pela reflexão da fé, ver que o Senhor Jesus é o Deus vivo que nos orienta e guarda. Shalom.