quinta-feira, 5 de dezembro de 2024
CRÔNICA

A difícil arte de ouvir

19/01/2024
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Pr. Pedro R. Artigas
Igreja Metodista

O mundo tem hoje uma grande necessidade, a de ser ouvido. Ao mesmo tempo em que temos essa necessidade, uma outra vem em sentido contrário, a de não ouvirmos mas de falarmos.
Então nossa maior dificuldade é saber ouvir. Não gostamos de ouvir. Queremos falar. Ouvir empreende ter sensibilidade para parar e saber o que querem de nós. Para ouvir precisamos desenvolver paciência, esperar até o outro terminar de falar, sem ser interrompido, darmos atenção ao outro. Como é difícil. Em nossa vida atual, dizemos que o tempo é precioso, que não se pode perder um só minuto, tudo tem que ser feito as pressas, tudo tem que ser dinâmico, ágil, tudo precisa ser facilitado para não perdermos um só instante. Ao mesmo tempo em que precisa ser agilizado, precisa ser perfeito. Uma pergunta fica no ar, como fazer algo rápido, mas sem comprometimento?
Comprometimento significa responsabilidade, e essa parte infelizmente está escassa. Todos querem viver o lúdico, o belo, todos querem se sentir amado, atendido e sobretudo compreendido. Para que isso possa acontecer é necessário comprometimento com o outro, é saber quando ele precisa de nós, é saber quando ele está triste e nosso consolo não é falar, mas simplesmente estar junto.
Usamos esse padrão não só nos relacionamentos, mas também no profissional. Podemos freqüentar uma boa escola ou faculdade, mas nosso sentimento não está ali, pensamos em como ganhar, aproveitar do outro. Muitos acadêmicos nessa ânsia de ganhar, pagam para que outras pessoas façam seu trabalho de conclusão de curso, o famoso TCC, onde ele deveria demonstrar o que aprendeu, quais as soluções que propõe para que determinada área seja melhorada, ou mais pesquisada, mas na ânsia de ganhar ele paga para outros fazerem. Alguns jovens acreditam que simplesmente usar o Ctrl C e Ctrl V, o trabalho fica pronto. Pode parecer que mudei o assunto, quando na verdade faz parte do mesmo. A vida para ser vivida em sua intensidade precisa de comprometimento, precisa de pesquisa para saber até onde podemos ir, onde precisamos parar, e como devemos avançar é assim que se vive com prazer e felicidade, isto é saber ouvir, é ter tempo aproveitado para o próximo.
A Bíblia em toda sua extensão nos mostra essa realidade. Deus quando nos entrega seus mandamentos Ele é claro quando diz: quando ouvires a minha voz, e praticares tudo quanto te ordeno serás feliz. Salomão em seus provérbios também fala dessa prática e Jesus em seus ensinamentos também nos dirige para as mesmas regras.
Nossa vida física está intimamente ligada com nossa vida espiritual, não há dissociação, não há separação, apesar de acharmos que podemos viver sem vida espiritual. Acreditamos que não precisamos de Deus, que podemos tocar nossa vida sozinhos, esse é o engano. Jesus também fala que não é por nosso muito falar que seremos ouvidos e atendidos, mas, pelo nosso comprometimento com sua Palavra e pela prática diária da conversa com Ele, não com monólogo, onde só eu falo e não sei ouvir o que Deus tem para a vida.
Quando terminamos de orar e nos aquietamos por alguns momentos, no princípio, nada ouvimos a não ser nosso coração batendo ou os ruídos da rua, mas com o tempo nosso coração vai-se acostumando e começa a ouvir a Deus em sua orientação peculiar. É aí que começa a vida verdadeira, é aí que começamos a nos acalmar, e ver que a vida pode ser totalmente diferente de tudo que até então vivemos. Se sua vida é atribulada, cheia de pesares e não consegue o mínimo de paz, venha a Cristo e sinta a paz que Ele pode nos dar, e que pode modificar para sempre nosso viver. Shalom.