sábado, 10 de maio de 2025
PRIMEIRA VEZ NO BRASIL

Picão-preto resistente ao glifosato é encontrado em Juranda, na região de Goioerê

13/10/2023
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Foi identificada a primeira ocorrência da planta daninha picão-preto resistente ao herbicida glifosato no Brasil, na safra 2022/2023. A dificuldade de controle foi relatada à Embrapa Soja por técnicos da Coamo Agroindustrial Cooperativa, que observaram a sobrevivência de uma população dessa espécie no município de Juranda, na região de Goioerê (PR).

“Mesmo após aplicações sequenciais de glifosato, nas doses recomendadas nos rótulos e bulas, e executadas corretamente, o produto não controlou as plantas de picão-preto em lavouras de soja”, relata o pesquisador da Embrapa Fernando Adegas.

Em 2018, uma equipe de pesquisadores da Embrapa Soja e da Universidade Estadual de Maringá identificou no Paraguai o primeiro, e até então o único, caso de resistência dessa espécie ao glifosato no mundo. Agora o Paraguai e o Brasil têm relatos de ocorrência de picão-preto resistente ao glifosato.

A Embrapa e as cooperativas Coamo e Lar estão elaborando ações de monitoramento, manejo, mitigação e contenção da população de picão-preto resistente.

“Também estamos planejando estudos para a determinação de qual é o mecanismo de resistência ao glifosato dessa população e se existe resistência múltipla a outros herbicidas”, afirma Adegas. Esses estudos estão sendo feitos em parceria com a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e com a Pennsylvania State University (PSU), dos Estados Unidos.

PICÃO-PRETO - O picão-preto é uma planta daninha de ocorrência no Brasil, com predominância de duas principais espécies: Bidens pilosa e Bidens subalternans.

“Por serem muito semelhantes e geralmente estarem presentes concomitantemente em áreas de cultivo, os produtores não fazem a diferenciação das espécies, denominando toda a população como picão-preto”, explica Adegas.

Apesar da identificação da resistência de Bidens subalternans ao glifosato, populações de picão-preto já haviam sido identificadas como resistentes a outros herbicidas na década de 1990. Nesse período, os principais herbicidas utilizados para o controle dessa infestante eram os inibidores da enzima acetolactato sintase (ALS). “Devido à utilização continuada e praticamente exclusiva deste grupo de herbicidas foram selecionadas populações resistentes”, ressalta.

PROCESSO DE RESISTÊNCIA - Adegas define a resistência como a habilidade herdada de uma planta daninha em sobreviver e reproduzir-se após a exposição a uma dose de herbicida normalmente letal (dose de bula) para a população natural. “É uma ocorrência natural, devido às plantas daninhas evoluírem e se adaptarem às mudanças do ambiente e ao uso das tecnologias agrícolas”, explica. (Globo Rural).