
Pr. Pedro R. Artigas
Igreja Metodista
Lendo minha Bíblia nesta semana encontrei um texto no livro de Salmos mais precisamente no Salmo 51, versículo 10 de autoria do rei Davi, quando o profeta Natã foi falar com ele, depois de ter adulterado com Bate-Seba, que diz: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto”. Fiquei com ele na cabeça pensando no ato de Davi, e como ele se sentiu após o profeta vir lhe revelar a palavra do Senhor.
Pois quando ele começa esse poema podemos perceber que sentiu o grande erro cometido, e que necessitava urgente do perdão de Deus. Então diz: “Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões”.
E vendo a televisão, assistindo o canal do SESC, encontrei uma entrevista com um trombonista de renome falando a respeito de seu instrumento, quando anos ele levou para dominar a técnica, e quantas horas estudava diariamente, mas um fato me chamou a atenção, os problemas ou as “doenças” que podem acometer o instrumento. E ele falou a respeito da podridão vermelha.
Quando ouvimos uma orquestra tocar , podemos dizer que são vozes quase humanas cantando, e não imaginamos que podem sofrer doenças que podem até inviabilizar seu funcionamento. E o trombone com sua potente voz de barítono, voz masculina entre o tenor e o baixo, pode se não tratada inviabilizar o instrumento, muitas vezes de preço altíssimo.
E o que é a “podridão vermelha”, é uma corrosão que afeta o bronze de dentro para fora. Quando a ela chega a superfície, o trombone deve ser descartado , porque o dano não pode ser reparado. Ele perde seu timbre, desafina.
Naquela hora fiz uma associação, se o bronze tão útil na época do rei Davi, que agora transforma-se não mais em armas, mas em instrumentos musicais, podem ser inviabilizados pela falta de cuidado, imagine então o nosso corpo, que não é de bronze, mas é muito mais frágil.
A podridão vermelha não nos ataca, mas outras doenças podem surgir e muitas vezes não as percebemos, até que venham à superfície. Descobrimos as vezes tarde demais a nossa vulnerabilidade. E que apesar de todos os cuidados que podemos tomar, ficaremos “inviabilizados” para diversas funções, e poderemos até ser retirados do mundo profissional pelos danos ocorridos em nosso corpo.
E novamente o texto bíblico veio a minha mente, o apóstolo Paulo em sua segunda carta aos Coríntios no capítulo 4, versículos 16 a 18 nos fala exatamente isso, vejamos: “Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; por que as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas”.
O apóstolo diz que, embora nosso corpo possa definhar, nosso espírito é continuamente renovado, e como isso pode acontecer? Por meio do estudo bíblico, da oração diária e de um desejo de agradar a Deus , cultivamos uma vida de fidelidade e de obediência. Quando nutrimos o espírito, podemos encontrar a vida eterna. Quando o negligenciamos, ele pode se tornar “corroído” pelos caminhos do mundo.
Não há esperança para um trombone corroído pela podridão vermelha, mas quando nosso espírito se torna “corroído”, não precisamos nos desesperar. Deus promete perdão se confessarmos nossos pecados com coração arrependido, foi o que fez Davi depois da conversa com o profeta Natã. Deus pode restaurar nosso espírito e nos renovar, como nos ensina o apóstolo João em sua primeira carta capítulo 1, versículo 9: “â¹ Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça”. Pense nisso e não se deixe ficar “corroído”. Shalom.