sábado, 22 de fevereiro de 2025
CRÔNICA

A cura do cego

18/06/2023
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Pr. Pedro R. Artigas
Igreja Metodista

O Evangelho de Marcos no capítulo 10, versículos de 46 a 52 nos relata a cura do cego na estrada de Jericó, esse mesmo relato consta nos evangelhos de Mateus e Lucas. Em Mateus no capítulo 20, nos fala de dois cegos sentados a beira do caminho, gritando por Jesus. E no de Lucas capítulo 18, já relata somente um cego, mas nem em Mateus ou Lucas, o nome do cego é descrito, somente em Marcos. E lá o evangelista dá o nome de Bartimeu, ou seja, esse nome quer dizer filho de Timeu.
Agora algumas coisas ressaltam o texto. A primeira é que como deficiente ele estava à beira do caminho, como alguém que não tinha importância para a vida da sociedade, como alguém invisível. E hoje infelizmente temos milhões de pessoas ao redor do mundo que também são invisíveis aos olhos do próprio mundo. Muitos não são deficientes físicos, nem tem qualquer defeito, mas o mundo os coloca como invisíveis.
São todos aqueles que fogem de seus países pela fome, pela guerra interminável, e os outros não os querem em suas terras. São pessoas que estão à beira do caminho. E a multidão não os respeita, não os querem, argumentam que eles irão como gafanhotos comer todo o alimento estocado, beber toda água disponível, e tirar seus empregos. Esquecem que fronteiras são produtos de nossa vaidade, infelizmente somente vaidade. Deus não fez fronteiras, ele fez a terra e nela colocou tudo que precisávamos para viver, não as dividiu, mas colocou leis de uso da terra, da prática do bem, que é a conservação da terra, mas a ganância a dividiu, e o pior não cuidamos.
Então os cegos lá estavam sentados, mas ouviram quando Jesus junto com seus discípulos saía de Jericó, trazendo consigo grande multidão. Lucas relata em seu evangelho que o cego pergunta o que estava acontecendo, e ao ser informado que era Jesus que estava passando, começa a gritar anunciando a verdade: “Jesus, Filho de Davi, tenha compaixão de mim!”
Somos a multidão, que impede que o cego chegue a Jesus, somos aqueles que não se importam com a vida, e a desrespeitam. Somos aqueles que tornam invisíveis as leis, como se tudo nos fosse permitido.
Mas como na estrada de Jericó, existem muitos cegos que estão gritando: “Jesus, Filho de Davi, tenha compaixão de mim”! Hoje são aqueles idosos, recém-nascidos, que são isolados, e são contaminados pelos que não obedecem às leis e se locupletam da fragilidade.
Se olharmos para outros lados, veremos que existem outros cegos sentados a beira do caminho, são aqueles que estão sem empregos, não tem ganho para alimentar sua casa, que vivem dos restos que sobeja da mesa e que jogamos no lixo. Que fechamos nossas casas, como se ali fosse um castelo inexpugnável que as doenças ou a tristeza e infelicidade do mundo não chegasse e nem adentrasse. Importa nossa felicidade, nada mais.
Mas não podemos nos esquecer que Jesus parou ao ouvir seu nome, como faz também nos dias de hoje, Ele nos chama; e o cego joga fora sua capa, que lhe era o bem mais precioso. A capa lhe servia de abrigo durante a chuva, o aquecia durante o frio da noite, o resguardava do sol durante a hora mais quente do dia, mas ele a joga de lado, não era agora o mais importante, Jesus o chamava.
Se trouxermos para os dias atuais, qual ou quais capas você amado que está lendo precisa jogar de lado e correr ao encontro de Jesus? A resposta do cego foi instantânea: “quero ver de novo”, esse pedido mostra que ele não era cego de nascença, mas que por algum motivo havia perdido a visão. Nós muitas vezes perdemos a visão também e fugimos do alvo que é Jesus, e passamos como cegos a andar pelas beiras dos caminhos tentando encontrar novamente a direção, mas como cegos infelizmente muitas vezes guiados por cegos, como Jesus nos fala em Mateus capítulo 15, versículo 14: “Deixai-os; são guias cegos; ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão no barranco. Temos nossa caminhada dificultada pela multidão que nos afasta do verdadeiro caminho. Mas se como o cego de Jericó gritarmos ele nos ouvirá e chamará, e nos abençoará, e nos trará de volta ao caminho.
Mas nessa volta há uma condicionante, é necessário ter fé, não adianta querer negociar com Jesus, o cego Bartimeu não negociou, ele simplesmente apresentou seu pedido com fé, como tantos outros milagres ocorrido no caminho de Jesus, onde a palavra de Jesus é significativa: “vá, a tua fé salvou você”.
Hoje infelizmente uma constatação, existem muitas pessoas que se afastaram da Igreja devido às restrições ainda do tempo da pandemia, e são infelizmente em número muito maior do que os que estão começando a perseverar na caminhada. Não ir as missas e os cultos é uma desculpa até certo ponto esfarrapada. Ficar em casa para ver pela internet pode até parecer muito bom, mas com o tempo torna-se chato e derivamos para outros programas que nos parecem mais atraentes. Cuidado, a beira do caminho pode parecer no primeiro momento atraente, mas na verdade é desprezível e amarga. Jesus parou e te chamou, venha até Ele com confiança e fé verdadeira. Shalom.