sábado, 19 de abril de 2025
CRÔNICA

Sou comunista com a Graça de Deus

22/04/2023
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Pr. Pedro R. Artigas
Igreja Metodista

Ouvindo uma reportagem esta semana com o ministro Flávio Dino onde após perguntado ele responde que era comunista com a Graça de Deus e cita o texto bíblico de Atos capítulo 4, versículo 32: “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns”. Relacionando o texto com sua opinião política.
Esse tipo de argumento eu já tinha ouvido de outras pessoas, como também já ouvi outros dizerem: “sou ateu com a Graça de Deus”. Em outra crônica escrevi o seguinte e que agora volta a fazer sentido: “Vimos e ouvimos isso em todos os lugares, o defensor usa o texto bíblico para livrar seu cliente da justiça, e o acusador usa o texto bíblico para acusar e prender o mesmo acusado que o defensor tenta libertar”.
É um paradoxo como a Palavra de Deus é usada sem o devido contexto. Da mesma forma que o defensor e o acusador a usam, o ministro também a usa. No texto citado pelo ministro o escritor Lucas o médico companheiro de Paulo, está falando a respeito de como viviam os primeiros cristãos. É só olhar para o texto anterior o versículo 31: “E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus”.
O texto citado pelo ministro está intimamente relacionado com o a soltura de Pedro e João perante o Sinédrio, como também a nascente perseguição, e o versículo 29 fala exatamente desse fato: “Agora, pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra”, e eles oraram com fé verdadeira, como ensina o teto do versículo 31 postado acima. Não há nada que politicamente tenha a opinião do ministro, não tem nada que possa assentir com as palavras dele ou dos ateus. Mas é fruto do amor e da fé que fazia com que as pessoas procurassem viver unidas para que sobrevivessem a perseguição e pudessem estar em paz consigo mesmos e professando a nova fé que haviam conhecido. A esse momento podemos afirmar que é continuação do Pentecostes, descrito por Lucas no capítulo 2 versículos 42 e 43: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos”. Sempre é bom ressaltar que temor não é medo, mas respeito, pois as atitudes dos apóstolos denotavam essa compaixão pelo povo que se unia a eles, era também uma nova maneira de se viver, onde o estar junto fortalecia e aumentava a fé, pois a Religião de Cristo não começou com centenas nem com milhares, mas com uma dezena mais dois.
E ela crescia fortalecida na Ressurreição e nos milagres que aconteciam. Volto a afirmar não é movimento político, muito ao contrário é movimento de fé, é movimento de vidas que buscavam cura para seus males, que buscavam cura para seus sofrimentos físicos e espirituais.
Hoje infelizmente em vez de nos unirmos, nos separamos e buscamos em outros lugares a cura para o sofrimento, em vez de buscarmos em Cristo a cura, buscamos em homens que como nós, pouco podem nos oferecer.
Terminando, digo ao ministro não há como conciliar o ato de ser comunista com a vivência cristã, pois elas são diametralmente opostas. Ser comunista é o homem pelo homem, ser cristão é Deus no homem e o homem servindo a Deus em fé genuína. Shalom.