
Pr. Pedro R. Artigas
Igreja Metodista
É interessante como bradamos a “nossa justiça”, e dizemos que ela é fiel e verdadeira, mas a justiça do outro é falsa e deve ser limitada e se possível calada.
Vimos e ouvimos isso em todos os lugares, o defensor usa o texto bíblico para livrar seu cliente da justiça, e o acusador usa o texto bíblico para acusar e prender o mesmo acusado que o defensor tenta libertar. E muitas vezes afirmamos que só a justiça de Deus pode libertar ou acusar alguém e que acreditamos que através dela teremos nossa petição aceita.
Nossa justiça é boa quando nos interessa e vai ao nosso favor, mas se somos condenados culpamos a todos e trocamos o defensor por outro que tenha mais “cartas na manga” que possa nos libertar.
O profeta Amós em seu livro no capítulo 5, versículo 7 diz o seguinte ao povo de Israel: “Vós que converteis o juízo em veneno, e deitais por terra a justiça”. O teólogo americano Albert Barnes nascido em Nova York em 1798 e falecido em 1870, que se formou no Hamilton College, Clinton, Nova York, em 1820, e no Princeton Theological Seminary em 1823. Barnes foi ordenado ministro presbiteriano pelo presbitério de Elizabethtown, New Jersey, em 1825, e foi sucessivamente pastor da Igreja Presbiteriana em Morristown, New Jersey (1825–1830) e da Primeira Igreja Presbiteriana da Filadélfia (1830–1868), a respeito desse versículo escreveu o seguinte comentário: “Aqueles a quem ele chama para buscar a Deus, eram pessoas cheias de toda injustiça, que transformaram a doçura da justiça na amargura do absinto. Moisés usou “fel” e “absinto” como provérbio; Para que não haja entre vós uma raiz que dê fel e absinto; o Senhor não o poupará, mas então a ira do Senhor e Seu ciúme fumegarão contra esse homem, e todas as maldições que estão escritas neste livro repousarão sobre ele. A palavra de Amós os lembraria da palavra de Moisés.
Essa palavra e o comentário que podem parecer muito duros, na verdade explicam como é nossa justiça, pois somos humanos pecadores e factíveis ao pecado. Infelizmente usamos nossa justiça para proveito próprio, nunca pensamos ou analisamos até onde nossa sede de justiça agrava a situação contrária. Duas situações mostram bem isso, a primeira delas diz respeito para a mulher que matou o marido forte empresário brasileiro: “A Justiça de São Paulo concedeu no dia 30 de maio de 2022 a liberdade condicional a Elize Matsunaga, condenada pelo assassinato de seu marido Marcos Matsunaga, na época presidente da Yoki Alimentos com fábrica no Paraná. O crime foi em 2012. No julgamento em Primeira Instância foi condenada a 19 anos e 11 meses de prisão. Em 2019, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) reduziu a pena para 16 anos e 3 meses de detenção, depois que ela confessou seu crime. Todas as mídias no ano passado ficaram surpresas, afinal ela havia matado seu marido e o esquartejado, e agora foi solta e mora no interior do estado e lá trabalhando, mas ela cometeu um pecado, foi vista em um bar tomando uma bebida alcoólica. Deveria voltar para a prisão. E teríamos muitos outros casos em que a mídia ficou irada ou procurou faturar em cima da “Justiça” que não foi devidamente aplicada. Agora interessante foi que um traficante é solto e tem seus bens devolvidos pela justiça e quase ninguém dedicou linhas e tintas para falar a respeito: “A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou, na quarta-feira 12, a anulação da busca e apreensão que resultou na prisão de um dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), o traficante André Oliveira Macedo, conhecido como André do Rap. A decisão tem como resultado a devolução dos bens apreendidos com o criminoso. Por unanimidade, os ministros encerraram a investigação contra o traficante — a partir de um pedido da sua defesa”.
Num caso a mídia cai em cima condenando a soltura como absurdo e pede que ela volte à cadeia, e no outro silencia e se torna cumplice de uma pessoa que vai matar não uma pessoa, mas diversos jovens com o vício das drogas.
É aqui que vejo como estamos distantes da justiça, tal como o povo de Israel em seu tempo. Precisamos, se somos cristãos, nos voltar para o livro de Leis chamado Bíblia e ver como o Senhor que é presente na palavra do apóstolo Paulo em sua Segunda Carta aos Coríntios, capítulo 9, versículos 8 e 9: “E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra; Conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre.”
Mas tenhamos sempre em nossa memória o escrito de Amós, para nos lembrar de nossa finitude e da necessidade de buscarmos o Senhor de Toda Glória. Shalom.