Goionews - Todo mundo lê!

Pr. Pedro R. Artigas
Igreja Metodista

Intriga-me o fato de nos considerarmos cristãos e praticarmos o aborto. Defendemos todas as causas, desde os animais de rua, que agora mudou o nome de proprietário para tutor, e nos entristece quando gatos e ou cachorros são deixados na rua para quem quiser pegá-los mas, não nos sensibiliza as crianças abandonadas e que perambulam pelas nossas ruas pedindo alguma coisa para comer ou para vestir. Aos animais colocamos casinhas na rua, alimentamos e damos água, mas as crianças abandonadas continuam abandonadas sem nenhum auxílio.
E vamos à igreja todos os domingos, e nos incomodamos quando uma dessas crianças senta-se ao nosso lado, fazemos questão de mudar de lugar, ou de tirar nossos filhos de perto. Quando paramos nos semáforos e percebemos que alguma criança pode se aproximar, fechamos o vidro do automóvel rapidamente, e muitas vezes temos em nossos confortáveis automóveis uma Bíblia para nos proteger. E continuamos a afirmar que somos cristãos. Parece um paradoxo, os animais têm mais direito a vida que nossas crianças.
Quando vejo mulheres brandindo cartazes que são donas de seus corpos, me impressiona, pois não somos donos de nada, nem de nossos corpos, pois ao morrermos os deixamos sepultados, e não os levamos junto. Quando vejo mulheres dizendo que tem domínio sobre quem pode viver ou morrer me impressiona, pois com todos os métodos contraceptivos existentes, não precisariam do aborto para matar um ser humano, mas ficam sensibilizadas e chegam ao extremo de chorar quando veem um animal ser maltratado e deixado ao léo.
A lei é clara e já diz em seu conteúdo quais são os motivos que o aborto é permitido, como por exemplo: estupro, anencefalia (nascida sem cérebro), menor de 15 anos estuprada. Mas tirar uma criança perfeita e sadia de seu ventre porque foi concebida em uma festa? Não é correto, pois como já disse acima existem centenas de métodos contraceptivos. E nos dizemos cristãos.
Como pastor procurei em todo o texto bíblico a palavra aborto ou abortar e não encontrei em nenhum de seus 66 livros, mas encontrei as palavras abandonar e abençoar.
A palavra abandonar encontrei diversas vezes e cito como exemplo esta, que está no livro de Deuteronômio capítulo 32, versículo 15: “E, engordando-se Jesurum, deu coices (engordaste-te, engrossaste-te, e de gordura te cobriste) e deixou a Deus, que o fez, e desprezou a Rocha da sua salvação.”
“Mas agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca”. Palavras do apóstolo Paulo aos Colossenses capítulo 3, versículo 8, que se completa com o apóstolo Pedro em sua primeira carta capítulo 2, versículos 3 a 5: “Se é que já provastes que o Senhor é benígno; E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo. “
Jesurum nome poético dado a Israel, que significa “ser justo”, e Deus o está reprovando por suas atitudes, assim como nos repreende pelas nossas também, e completa com o apóstolo Pedro quando diz se é que já provaste que o Senhor é bom.
E na palavra abençoar de Marcos capítulo 10, versículos 14 a 16: “Jesus, porém, vendo isto, indignou-se, e disse-lhes: Deixai vir os meninos a mim, e não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele. E, tomando-os nos seus braços, e impondo-lhes as mãos, os abençoou.”
Então acostumemo-nos a abençoar o fruto de ventre pois foi gerado com a centelha divina da vida, como Jesus em Maria ou João Batista no ventre de Isabel, sem falarmos de Samuel filho de Ana ou de Isaque filho de Sara. Pensemos na vida, não na morte, pois a morte entrou com o pecado, mas a vida está em Deus. Shalom.